Na última quinta-feira (28) foi um dia especial para as equipes infantis de polo aquático do Esporte Clube Pinheiros. Reunidos na piscina externa do clube, os jovens tiveram a oportunidade de além de fazer um “treino diferenciado”, disputando um campeonato interno, fazer um bate-papo com atletas do alto rendimento conhecendo um pouco mais da modalidade.
Ives Gonzalez, que é o técnico das crianças foi o idealizador da ação. Ele iniciou o evento apresentando às crianças a comissão técnica das equipes adultas e mais dois atletas de alto rendimento, que disputaram o Brasil Open de Polo. Um deles foi Rafael Vergara, eleito o MVP do campeonato. O jogador que também iniciou no Pinheiros ainda criança, contou um pouco de sua trajetória e respondeu às perguntas dos pequenos.
“Eu ia com meu pai, que jogava o máster e brincava com a bola, gostava de piscina, então comecei a me interessar. No começo era mais uma brincadeira, mas com o tempo eu fui pegando gosto e continuo até hoje”. Vergara estava jogando no exterior e retornou ao Brasil para competir o Open pelo Pinheiros e deve permanecer ainda alguns meses por aqui. A previsão é que ele passe a jogar por um time universitário no próximo ano, onde também dará andamento nos estudos.
Questionado por uma das crianças sobre o que o polo aquático já proporcionou para ele, o atleta ressalta que através do esporte, já adquiriu muita coisa, da qual irá levar para o resto da vida. “Nunca fui um cara que tirava as melhores notas na escola, mas estou prestes a ir para uma das melhores faculdades do mundo, isso tudo graças ao polo. O esporte me fez aprender espanhol, inglês, me fez conhecer diversos países, além de ter me dado os meus melhores amigos”.
Representante do time feminino de polo do Pinheiros, que foi bicampeão do Brasil Open, Mélani Palaro Dias, que atualmente joga em um time da Hungria, o Szentes Vízilabda Klub, também participou da conversa com as equipes juvenis.
Mélani conta que apesar de ter pais esportistas, o polo aquático foi uma modalidade nova da qual ela foi quem trouxe para o âmbito familiar. “ Ninguém da minha família praticava polo. Minha mãe jogava basquete, meu pai fez luta e eu acabei indo para natação. Só depois conheci o polo e acabei migrando”.
A jogadora que já esteve presente na seleção adulta por diversas vezes conta que também já conheceu inúmeros países através do esporte. Sobre uma das experiências mais inesquecíveis que o polo já te proporcionou, Mélani fala sobre a sua participação nos Jogos Pan-americanos de Toronto, em 2015.
“Foi muito importante para mim jogar o Pan, estar lá representado o meu país, jogar e adquirir esta experiência, porque os jogos foram bem fortes. Competi contra times como Canadá e Estados Unidos, que estão entre os melhores do Mundo e conseguimos jogar bem”.
Após a conversa motivadora com os jogadores profissionais, as crianças caíram na piscina para o início das disputas. Sentado na arquibancada, entre os pais que estavam ali prestigiando aquela que pode ser a nova geração do polo, Gilson Gargiulo assistia orgulhoso a atuação do filho.
O atleta veterano, que representou não só o Pinheiros como a seleção brasileira por diversos anos, conta que iniciou no esporte junto com o irmão por volta dos 14, 15 anos de idade e assim como muitos, começou na natação antes de migrar para o polo.
“Eu e meu irmão tínhamos entre 14, 15 anos e nadávamos muito bem. Por outro lado, sempre fomos muito adeptos ao esporte coletivo, onde existe toda uma integração, erramos juntos, acertamos juntos, onde sempre vai ter alguém do lado dando aquele auxílio, então acabou sendo uma consequência irmos para o polo”.
Além da afinidade pela modalidade coletiva, Gargiulo conta que ele e o irmão tiveram um grande influenciador na formação como atleta.
”Tivemos um grande apoio do mestre João Gonçalves, que nos formou como atletas, fomos crias dele, com muito orgulho. E assim fomos durante muitos anos, jogadores titulares absolutos da seleção, cerca de uns 14 anos e viajamos tudo que se possa imaginar pelo mundo afora”.
Sobre o fato de ter um filho que pode ter resolvido seguir os mesmos passos dele, o veterano fica feliz com a possibilidade, mas não deixa de reforçar que o importante é que ele sempre faça aquilo que lhe dê prazer e dê seus próprios passos.
“Eu tenho o maior orgulho de ter um filho meu aqui, que vem por livre e espontânea vontade, o que é muito importante, porque a gente não “fabrica” ninguém. Tento não fazer com que ele viva a sombra do pai, mas por outro lado o pai passa a ser uma referência. Agora dizer que ele vai ser, vai acontecer, nós vamos ver no futuro. O mais importante é que ele está aí por livre espontânea vontade e está gostando muito”, afirma o pai orgulhoso.
Gargiulo ainda completa o quanto acha o esporte, como um todo, importante para o desenvolvimento das crianças e possibilita aprendizados que podem ser utilizados para diversas áreas e perduram para o resto da vida.
“O atleta tem uma formação disciplinar que é a melhor qualificação que ele pode ter para a vida. Todo sofrimento que ele teve, os sacrifícios, as viagens de férias perdidas, os torneios em finais de semana, as datas especiais que você passa longe de casa, tudo isso vai fazer com que aprenda a lidar melhor com os problemas e ele pode aplicar isso em qualquer situação de sua vida”.
As escolas de polo aquático que atualmente funcionam entre segunda e sexta-feira nos horários entre 16h e 18h são gratuitas e ainda possuem vagas. A modalidade ainda pretende abrir novos horários na grade, os interessados em fazer parte da equipe podem procurar a seção e efetuar a matrícula.
Confira fotos do evento: “link aqui”
Fotos: Ricardo Buffolin