Atletas e comissões técnicas estão engajados em eliminar copos plásticos descartáveis excessivamente utilizados na ingestão de isotônicos
Sensibilizados pela situação crítica que o planeta atravessa devido ao excesso de lixo provocado por descartáveis de plástico, os atletas de handebol do Esporte Clube Pinheiros, assim como as comissões técnicas, querem acabar com a utilização dos tradicionais copos brancos descartáveis. A ideia é de substituí-los imediatamente por recipientes próprios e reutilizáveis.
“Em praticamente uma semana abolimos os copos descartáveis. A maioria dos atletas já traz de casa um squeeze térmico ou pelo menos uma garrafa ou caneca própria para manter a hidratação nos treinos e na academia”, enaltece o capitão do time do Pinheiros, Zé Azevedo. “Esperamos que outras modalidades do clube também abracem a ideia. Se cada um fizer sua parte, o clube ainda reduzirá gastos”.
O treinador do time masculino, Sergio Hortelan, está empolgado com a ação que aproxima o elenco das causas sustentáveis, principalmente em relação aos oceanos. “É uma iniciativa do departamento de handebol e envolve todas as categorias, inclusive as menores. Em breve levaremos a ideia para os jogos”, projeta o técnico do Pinheiros.
Hortelan observa que o time feminino aderiu à ação com mais zelo e naturalidade. “As meninas já mostraram que são mais disciplinadas, mas logo todos terão consciência. Inclusive, os próprios jogadores pediram para que a planilha com a programação mensal não seja mais distribuída de forma impressa, com o objetivo de se reduzir o uso de papel”, afirma o treinador.
O técnico do handebol infantil (13 e 14 anos) masculino é um defensor contundente da ideologia sustentável. “O número de copos utilizados e desperdiçados a cada treino e a sujeira que os descartáveis deixavam no ginásio após treinos e jogos me incomodava muito. O esporte não pode ser apenas resultados, competição. Precisa ser um instrumento de educação, principalmente na base”, defende Valter Costa.
Pais aderem ao movimento – O apoio dos pais tem sido fundamental para que a eliminação dos copos descartáveis se torne realidade junto às atividades desenvolvidas no Pinheiros. “A molecada está se adaptando muito bem e nada foi imposto, foi tudo em comum acordo, com incentivo dos pais. Quem não trouxer o próprio copo, fica fora do esperado aquecimento de segunda-feira, que é um jogo de futebol. O objetivo sempre será de criarmos condições para que as crianças se tornem adultos melhores”, define Costa, com entusiasmo.
O movimento ganha força no Pinheiros e tem sido levado estrategicamente às crianças, responsáveis pelas futuras ações em favor do planeta. A Escolinha da Tia Lucy, destinada a alunos de 2 a 6 anos, também quer dar o exemplo. “Tenho dois filhos matriculados e neste ano recebemos comunicado para que os pais enviem copos identificados para uso permanente. As crianças consumiam diariamente muitos copos descartáveis”, relata Azevedo, atleta e associado do clube.
Situação insustentável – Alguns números publicados em relatórios recentes da ONU e de outras instituições de preservação ambiental, assustam e justificam plenamente a preocupação e a ação do handebol do Pinheiros contra a poluição provocada por material plástico descartável. O portal eCycle informa que o Brasil produz 100 mil toneladas de copos plásticos por ano. Devido à falta de processos adequados de reciclagem, a maior parte, após o uso, acaba no mar ou em aterros sanitários.
Além da agressão ambiental promovida pelo descarte, a fabricação desses copos provoca emissão de gás carbônico (CO2) e de outros gases responsáveis pelo desequilíbrio do efeito estufa e o consequente aquecimento global. A ONU aponta que nos últimos dez anos, foram produzidos mais plásticos do que em todo o século passado, incluindo-se 500 bilhões de sacolas plásticas descartáveis por ano, sendo que apenas 25% são recicladas.
O mundo produz atualmente, oito milhões de toneladas de lixo plástico. Um dos relatos da ONU estima, por exemplo, que uma garrafa pet leva 450 anos para se decompor naturalmente. Em discurso no último Dia Mundial do Meio Ambiente (05/6/2018), o secretário-geral da entidade, o português António Guterres, afirmou que, diante da atual tendência, em 2050 os oceanos terão mais plástico do que peixes e que esse tipo de lixo já provoca a morte de 100 mil animais marinhos por ano.