Por que escolheu estudar Fisioterapia? O que o motivou? E o porquê a fisioterapia desportiva?
Bom, na verdade não tem uma e explicação daquelas, bem bonitas (risos). Na época do vestibular queria alguma coisa voltada para a área da saúde, sempre gostei de esportes e vi que na fisioterapia, poderia unir as duas coisas.
Já a fisioterapia esportiva, essa sempre foi o principal objetivo. Na faculdade você acaba passando por todas as áreas de atuação. Durante minha formação, quase acabei ficando na área de cardiologia e reabilitação cardiovascular, porém no último ano, acabei passando um tempo em um estágio extracurricular em fisioterapia esportiva e ortopédica e assim, abrindo mais uma opção para as provas de especialização. Me especializei na área Músculoesquelética (Ortopedia, Traumatologia e Esporte). Daí comecei a buscar meu espaço na área esportiva.
Como começou a sua história no Esporte Clube Pinheiros?
Minha história com o Clube começou em agosto de 2011. Recém saído da pós graduação, eu fazia parte do Instituto Vita e cheguei ao Pinheiros como Fisioterapeuta terceirizado. Fui contratado efetivamente pelo clube em janeiro de 2014.
Mas desde que cheguei já tinha percebido, aqui é diferente!
Atualmente você atua em qual modalidade? Como é fazer parte da equipe, o dia a dia com os atletas? Quais foram as principais competições que já acompanhou?
Atualmente (e desde 2011) (risos) eu atuo com as equipes de handebol.
No início, somente as categorias de base, do infantil ao juvenil masculino e feminino. De 2012 até 2016, fui integrado nas equipes principais (categoria adulto), masculino e feminino (o adulto feminino começou em 2012). Trabalhei com todas as categorias de ambos os naipes até 2016, após o primeiro título brasileiro do adulto feminino. Após 2016, fico somente com o naipe masculino, dando suporte as equipes femininas quando necessário.
O Handebol do Esporte Clube Pinheiros é referência nacional. Por aqui já trabalhei com grandes profissionais, entre comissão técnica e atletas. É um privilégio fazer parte dessa equipe e desse clube.
A rotina de trabalho consiste em acompanhar o treino de quadra, realizando trabalhos preventivos e de retorno ao esporte, no ambulatório auxiliando na reabilitação e recuperação pós treino, além de claros acompanhar as equipes em viagens durante as competições das quais a equipe participa.
O dia a dia com atletas de alto rendimento é sempre um desafio, o convívio diário ajuda a entender melhor a demanda de carga e de trabalho da equipe bem como a peculiaridade de cada atleta, e assim otimizando o manejo e as estratégias para manter os atletas sempre prontos para o trabalho.
O trabalho realizado no clube, também me levou a participar de algumas convocações para a seleção brasileira de handebol. Hoje sou fisio da equipe juvenil masculina (sub 19), mas já participei de fase de treinamento das equipes júnior e adulto masculino (principal).
De 2011 pra cá, já participei de muitas competições, nacionais e internacionais.
Mas dentre as principais estão:
Liga Nacional de Handebol 2016, onde a equipe feminina, formada em 2012, conquistou seu primeiro titulo. Um título histórico que com certeza marca a minha passagem (e a de todos integrantes da equipe) pelo clube;
A Tríplice Coroa de 2017 da equipe Masculina (Campeão Paulista, Campeão Panamericano e Campeão Brasileiro), que também marcou um ano de trabalho perfeito;
O Campeonato Mundial de Clubes de 2017, realizado em Doha, no Qatar. Ficamos em quinto lugar, quinta melhor equipe do mundo. Minha primeira competição de nível Mundial, além de poder conhecer o ASPETAR, um centro de referência em medicina esportiva;
O Sul Centro Americano e o Mundial da Macedônia com a Seleção Brasileira Juvenil em 2019. Minhas primeiras competições representando o País.
Por último e não menos importante, o paulista juvenil masculino de 2011, meu primeiro de inúmeros títulos com o pinheiros, tenho um carinho mto grande por todos atletas e CT que integraram aquele grupo.
Um momento ou alguns momentos memoráveis na sua carreira?
Ah, são vários momentos muitas histórias, como as competições citadas acima.
Além disso, poder ter contribuído com a história de muitos atletas que já passaram por mim, também é um momento memorável.
Muitos casos, uns mais simples, outros mais complicados. De tudo um pouco, do atleta que sofreu a primeira lesão e não sabe como seguir a vida ao atleta que se lesiona e tem pouco tempo para se recuperar para uma olimpíada por exemplo (sim já aconteceu e conseguimos deixar a pessoa apta para participar dos jogos olímpicos).
Todos esses momentos são memoráveis! (Risos)
Eu levo um pouco deles comigo e eles levam um pouco de mim com eles! Uma troca boa!
Um fisioterapeuta, assim como um preparador físico, o técnico ou outro membro que faça parte de uma equipe multidisciplinar, vibra e comemora as conquistas dos atletas como se fossem sua? Como é lidar com este sentimento em um ambiente de competição?
Ainda não aprendi a lidar com esse momento (risos). O nosso trabalho acaba quase sempre ficando nos bastidores, muitas pessoas não sabem da nossa atuação, na maioria das vezes, somente nos e o atleta sabemos do quão árduo é o todo o processo. Então nunca é a mesma coisa e quando o resultado vem, vem também um misto de sensações e emoção. Por isso, ainda não aprendi a lidar, sempre é uma coisa nova e diferente, porém, muito bom!
Qual é o maior desafio em ser um fisioterapeuta do esporte? E qual é o diferencial?
O grande desafio é ter disponibilidade e se atualizar a todo o momento.
Disponibilidade pra se dedicar na maioria das vezes, em tempo integral, passando mais tempo com a equipe do que com a família em alguns períodos do ano!
Se atualizar, estar sempre a par do que vem sendo estudado, buscando sempre a melhor alternativa para cada caso. O diferencial acaba sendo a junção dos dois fatores. Estar sempre junto da equipe ajuda na agilidade das tomadas de decisões, resolução de problemas, auxiliando e agilizando o retorno ao esporte de cada atleta.
Você tem algum protejo paralelo ao Clube? Conte como é.
Atualmente, atendo alguns pacientes particulares quando possível.
Quando não estou no Pinheiros, também atuo em uma clínica de Fisioterapia, o Liv, que fica próximo ao clube. É um espaço novo e bastante promissor.
Também participo de alguns eventos como palestrante, ministrando aulas, cursos e workshops relacionados a fisioterapia esportiva e ortopédica.
Para finalizar, deixe um recado para quem quer ser um fisioterapeuta. Que dicas daria?
Bom, vamos lá!
A Fisioterapia não é aquele curso de paixão à primeira vista, só vai ficando bom do meio pro final (risos).
Portanto seja persistente, estude! Se dedique ao máximo, independente da área que deseja seguir (acredite, a faculdade vai te surpreender e você pode até mudar de área ao longo do curso).
Se você escolher seguir pela área do esporte, se prepare para estudar ainda mais. Conhecer tudo sobre a lesão, sobre o procedimento cirúrgico envolvido, sobre o tempo de recuperação de cada tipo de tecido e por aí vai! Além claro, de ter disponibilidade para o trabalho!