Que o Pinheiros teve e continua tendo o Esporte como pano de fundo na construção de sua história, todo mundo sabe. Que é considerado o mais Olímpico do Brasil, maior Clube Poliesportivo da América Latina e é um dos principais formadores e fornecedores de atletas para as delegações brasileiras em grandes competições, muitos provavelmente também já ouviram falar.
Mas você sabe como o Pinheiros chegou até aqui? Sabe de que forma o Clube ajudou o Brasil a conquistar o seu espaço no cenário esportivo mundial? Aliás, você sabia que, contando com os resultados de todas as edições de Jogos Olímpicos que o Brasil já disputou, foram conquistadas 129 medalhas? E deste total o Pinheiros é o responsável por cerca de 10%, tendo 12 medalhas olímpicas em sua galeria.
Para quem não sabe quais foram essas conquistas, vale a pena conhecer. E para os apaixonados por olímpiadas que estão por dentro de cada vitória alcançada, também vale a pena relembrar. A primeira participação do Brasil em Jogos Olímpicos foi em 1920 em Antuérpia, Bélgica. O Pinheiros iniciou sua história olímpica quatro ciclos depois, na edição de 1936 em Berlim. Devido à Segunda Guerra Mundial, a competição sofreu intervalo de 12 anos retornando apenas em 1948, em Londres. Já os primeiros pódios olímpicos pinheirenses vieram nas décadas de 1960 e 70.
Anos 60
Sendo o período compreendido entre os anos de 1960 a 1969, essa década foi marcada por vários acontecimentos em diversos setores sociais. Na música, duas bandas conhecidas no mundo todo e até hoje, contribuíram para a popularização do rock in roll, The Beatles e The Rolling Stones. No Brasil outro movimento que não só estava ligado à música, mas também a política e outras vertentes culturais e sociais ganhou voz, o Tropicalismo, que contava com nomes como: Gilberto Gil, Tom Zé, Caetano Veloso, Os Mutantes, Gal Costa e Maria Bethânia. Não podemos deixar de lembrar que foi também nesse período que aconteceu um dos eventos mais conhecidos da história, o Festival de Woodstock, ou Woodstock Music & Art Fair.
Foi também um período bastante conturbado para a política no Brasil. Vivemos a ditadura militar a partir de 1964, estendendo-se até 1985. Em relação a tecnologia, também podemos destacar alguns marcos como, os avanços da informática, o primeiro homem a ir para o espaço, o soviético Yuri Gagarin (1961) e depois o norte-americano Neil Armstrong pisando na Lua (1969). A moda era marcada por perucas, peteados com topetes altíssimos, coques no alto da cabeça e rabo de cavalo com franjas, além do uso de acessórios como tiaras e fitas. As calças jeans mais justas, cintura baixa e cores mais vivas como vermelho e rosa, também faziam sucesso.
Anos de Ouro
Para o Esporte foi uma década movimentada, considerada inclusive como os “anos de ouro” do futebol, com o Brasil bicampeão mundial, na Copa do Chile em 1962. Foi também neste período que os Jogos Olímpicos foram realizados pela primeira vez em uma cidade latino-americana, Cidade do México em 1968), onde também pela primeira vez o número de nações participantes ultrapassou os três dígitos (112).
Três edições das Olimpíadas foram realizadas na década de 60: Roma (1960), Tóquio (1964) e Cidade do México (1968). Foi em Roma que o Pinheiros garantiu sua primeira medalha olímpica, com o lendário nadador Manoel dos Santos, o Maneco. Nestes Jogos o Brasil conquistou duas medalhas, sendo um bronze com o basquete masculino e outro bronze com o pinheirense da natação, na prova dos 100m livre.
Manoel do Santos foi o primeiro pinheirense a conquistar uma medalha olímpica
Principais títulos: bronze nos 100 m livre nos jogos Olímpicos de Roma 1960 e recordista mundial dos 100m livre de 1961 a 1964. Conquistou 11 medalhas de ouro em Campeonatos Sul-Americanos.
Anos 70
A década de 1970 de certa forma também foi um período marcado por guerras, ditaduras e novos estilos musicais. Na música, foi a vez das discotecas e o dance music, além de um novo segmento do rock que ficou conhecido como, rock progressivo, com novos instrumentos incorporados ao estilo. Surgiram bandas como: Pink Floyd, Led Zeppelin e Black Sabbath. Também merece destaque outro movimento musical, o Punk. No Brasil surgiu uma nova geração que contou com nomes como: Novos Baianos, Belchior, Gonzaguinha, Djavan, Ivan Lins, entre outros.
Calças boca de sino, estampas, batas e cabelos longos e barba longa, marcavam o estilo da população desta década, com o movimento hippie ganhando mais força. Foi nesse período que nasceu o conceito de “grife”, para diferenciar as roupas exclusivas feitas por estilistas. Na área de tecnologia foram lançados o primeiro microprocessador do mundo e o primeiro videogame. Vimos ainda, nascer a gigante da computação, Apple.
Em relação aos conflitos, os anos 70 foram marcados por golpe militar no Chile, liderado pelo general Augusto Pinochet; término da Guerra do Vietnã, com derrota dos EUA; Revolução dos Cravos em Portugal, que acabou com o regime militar no país; renúncia de Richard Nixon à presidência dos EUA, após o caso Watergate; assinatura de acordo nuclear entre Brasil e Alemanha. Houve também a crise mundial de Petróleo com a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aumentando o preço do barril em mais de 300% e o Brasil, ainda na ditadura, vivendo a fase conhecida por “Milagre Econômico”.
Dando continuidade aos bons resultados com o futebol, o Brasil tornou-se tricampeão na Copa do Mundo realizada no México (1970). Também tivemos os primeiros títulos na Fórmula 1 com Emerson Fittipaldi em 1972 e 1974. A década ainda contou com outras duas edições olímpicas: Munique em 1972, marcada por ataque terrorista à Vila Olímpica, e Montreal em 1976.
João Carlos de Oliveira (João do Pulo) Entrou para história, em 1976, com o recorde mundial no Salto Triplo
Principais títulos: Bicampeão no triplo e no salto em distância no Pan-Americano da Cidade do México (1975) e de San Juan, em Porto Rico (1979). Tricampeão na Copa do Mundo de Atletismo (1981). Bronze na Olimpíada de Montreal (1976).
Na competição canadense veio a segunda medalha olímpica do Pinheiros, no atletismo. João Carlos de Oliveira, conhecido como João do Pulo, conquistou o bronze no salto triplo, prova em que também obtivera o recorde mundial um ano antes, em 1975, nos Jogos Pan-Americanos na Cidade do México. A histórica marca de 17m89 do pinheirense perdurou por uma década como recorde mundial e até hoje, após 45 anos, segue como recorde dos Jogos Pan-Americanos. Em Montreal, o Brasil ainda conquistou outra medalha de bronze, na vela.
Ilustrações: Polar, Ltda.