Todo atleta de alto rendimento da natação entra na piscina para competir com uma estratégia na cabeça.
Ao contrário do que todos imaginam as principais provas da natação tendem a ser mais uma disputa cerebral do que física, já que todos os atletas classificados para provas desse nível costumam estar no auge da forma ao entrar na piscina.
O básico da estratégia começa pela contagem de braçadas. Elas indicam ao atleta o seu ritmo de prova, já que eles não conseguem ver os tempos parciais de dentro d’agua. Durante o ciclo de treinamentos, técnico e atleta, começam a desenhar a estratégia de competição definindo o ritmo que deve ser seguido “na ida e na volta” da piscina.
Existem provas em que o atleta começa em ritmo mais forte para assustar os adversários e atrapalhar o ritmo deles e outras em que se preserva a surpresa de uma arrancada final.
Em muito estilos, a chave da estratégia está nas viradas. Em geral os competidores de nado costas ou peito, procuram aproveitar esse momento para assumir a liderança. Aproveitando as ondulações na virada, o desgaste do atleta é menor.
Quando dois rivais se enfrentam a estratégia é mais mental. Um procurando intimidar o outro com mudanças no ritmo. Na gíria dos técnicos é o momento de “bagunçar a cabeça dos rivais”. Nesta seletiva brasileira dos jogos de Tóquio um dos técnicos chegou a orientar o seu atleta a “não olhar para o lado” e assim ignorar a presença do rival para “não ficar preocupado durante a prova”.
Nas provas mais equilibradas, como os 100m, nado livre, o peso da estratégia costuma ser muito maior. Mesmo numa competição que dura em torno de 50 segundos, os atletas encontram tempo para mudar o ritmo e pensar em intimidar os rivais ao seu lado. Essa habilidade de nadar e pensar ao mesmo tempo é o que diferencia os campeões.