Pinheirense recebeu a medalha de bronze na prova de 400 m com Barreiras mais forte da história dos Jogos Olímpicos
Aos 21 anos de idade e segundo atleta mais jovem da delegação brasileira de Atletismo no Japão, Alison dos Santos foi um dos protagonistas da histórica final dos 400 m com Barreiras no Estádio Olímpico de Tóquio. Para se ter ideia do nível da prova, os três primeiros colocados bateram o recorde olímpico que pertencia ao norte-americano Kevin Young (46s78) desde os Jogos de Barcelona, em 1992.
Com o bronze reluzindo no peito, Piu, como Alison é conhecido, contou como foi o dia da medalha. “Fui para o doping, para a coletiva de imprensa e depois para a Vila. Tomei banho, almocei e ainda não parei porque o celular não para de tocar.
Estou muito contente com o reconhecimento das pessoas e tenho a sensação de que vivi um momento especial aqui em Tóquio. Fizemos história com a quebra da barreira dos 46 segundos. Nunca houve uma prova tão forte. Essa medalha é nossa”, referiu-se Alison às pessoas que estavam ao lado dele.
O norueguês Karsten Warholm, medalha de ouro, quebrou o recorde mundial (45s94), tornando-se o primeiro atleta a correr a prova abaixo de 46 segundos. Rai Benjamin, dos Estados Unidos, bateu o recorde norte-americano para conquistar a prata (46s17), enquanto Alison reduziu pela sexta vez a melhor marca da América do Sul (46s72).
Maturidade precoce – O coordenador de Atletismo do Esporte Clube Pinheiros, Clodoaldo Lopes do Carmo, está em Tóquio com a delegação do País e descreveu a emoção que vivenciou ao lado de Piu. “Não há adjetivos para falar da prova do Alison. Foi sensacional, fantástica, maravilhosa, a melhor prova de 400m com barreiras da história dos Jogos. Foram batidos recordes mundial, continentais e nacionais por cada um dos competidores”
Clodoaldo enalteceu o comportamento do atleta. Alison foi exemplar. “Demonstrou maturidade que não é comum para quem está com 21 anos. Manteve-se consciente durante toda a prova, sem se deixar influenciar pelo americano nem pelo norueguês. Fez a prova dele e com o tempo obtido teria batido o recorde mundial se fosse há um mês. É de encher a gente de orgulho saber que temos um atleta promissor e que ainda poderá fazer o recorde mundial mudar de mãos”.
O treinador de Piu, Felipe de Siqueira, responsável pela preparação do atleta desde 2018, já pensa no Mundial de Atletismo de Oregon, em 2022, nos Jogos Pan-Americanos em 2023 e na Olimpíada de Paris em 2024. “Só uma palavra descreve o que aconteceu aqui em Tóquio: surreal. A prova dos 400 m com Barreiras foi realmente surreal. Foi para abrilhantar um bronze que tem sabor de ouro. É continuar trabalhando duro, ele é novo, vamos buscar um ouro nos próximos Jogos”.
Fotos: Wagner Carmo / CBAt