Judocas do Azul e Preto brilharam no primeiro dia de competição
Quiseram os deuses do mundo esportivo que duas brasileiras brilhassem no tatame do Centro de Treinamentos e Esportes de Contato de Nuñoa, justamente neste sábado (28). A data é comemorada como o “Dia Mundial do Judô”. Larissa Pimenta, uma caiçara de São Vicente, e Alexia Nascimento, uma pantaneira de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, foram as protagonistas do primeiro dia do judô. As duas, atletas do Azul e Preto, conquistaram o ouro nos Jogos Pan-Americano de Santiago, em um momento histórico para cada uma delas e para o esporte brasileiro.
OURO PARA O VOVÔ CLAUDINO
Alexia Nascimento foi a primeira brasileira a entrar no tatame para fazer a final. Antes, na parte da manhã, a sul-mato-grossense havia vencido Keisy Perafan (Equador) e Érika Lasso (Colômbia). leva o vitória até no nome, entrou com a responsabilidade de quebrar uma escrita que dura desde 1987, em Indianápolis-EUA, quando o Brasil foi ouro pela última vez na categoria (48 kg), com Mônica Angelucci. E a campeã pan-americano júnior não desapontou. Venceu a mexicana Edna Vilhalba Souza, por pontos (10-0) e conquistou a primeira medalha dos Jogos Pan-Americanos. E de ouro. Para colocar seu nome na galeria da competição.
Emocionada, Alexia atendendo um batalhão de repórteres na zona mista, E não esqueceu da avó Claudino, o maior incentivador, amigo e conselheiro até que faleceu recentemente. A judoca do Azul e Preto acredita hoje o vó Claudino é a avó mai feliz do mundo.
“A única pessoa que gostaria mesmo que visse essa conquista, era meu avô Claudino. Ele não está entre nós, mas sei que ele viu e vibrou com minha medalha. Ele sempre foi o meu maior incentivador, me ajudava em tudo. Quando voltava de uma viagem era o primeiro que via o que havia conquistado. Chorava junto comigo. E também meu pai, Alessandro, que foi meu treinador desde o começo. Sem ele não estaria aqui hoje. Ele me fez judoca, aconselhou que precisava para ser atleta. E hoje o Pinheiros, Leandro e a Suelen porque eles estão na luta dia-a-dia junto comigo. Na hora do choro, da alegria”, completou, sem esquecer a chance que ganhou ao conquistar o título do Pan-Americano Júnior. “Foi por isso que estou hoje aqui”, finalizou.
BICAMPEÃ LARISSA: OURO DA VÓ
Em seguida veio a nossa bicampeã Larissa Pimenta. Com muita categoria, obrigou a mexicana Paulina Lizbeth Martinez a cometer três erros para também vencer por pontos e conquistar sua segunda medalha em Jogos Pan-Americanos. Foi uma explosão de alegria.
“Momento especial. Refleti muito sobre meus objetivos aqui. E tive uma resposta para tudo. Estou aqui pela minha família. Defender o título é uma posição muito importante e desafiadora. O judô transformou minha vida, da minha família. É um esporte que transforma a pessoa. Estou feliz por representar o Brasil. Agradecer meu clube o Pinheiros e a equipe do Judô Brasil que fez todo esse processo”, disse Larissa ao dia do judô. “O Pinheiros é minha segunda casa e me dá o suporte que preciso para chegar a essa conquista”, lembrou.
Quase se emocionando, não esqueceu de uma pessoa em especial. A vovó Maria do Carmo, já falecida, foi quem deu a energia que ela precisava. “Ela foi uma pessoa muito importante na minha vida. Foi quem me deu energia suficiente para ganhar o que já ganhei até agora”, lembrou.
“Quando cheguei aqui para o Pan, comentei com as pessoas que gosto. Ao ouvir uma música que me fez chorar, quis entender porque do choro. E fui buscar o significado dessa energia muito forte dentro de mim. E lembrei da minha falecida avó. O sonho dela era me ver na televisão, mas não conseguiu porque ela nos deixou em 2015. Não esperou para me ver em Lima, em 2019. Quando cheguei aqui eu lembrei disso. E mais que um título, medalha eu vou lutar pela minha família que é o mais importante para mim”, lembrou.
Para Larissa, a grande meta é Paris. E quem sabe uma outra medalha. “Não tenho limite definido, mas quero ir além de Paris”, completou a ainda menina de São Vicente, litoral sul de São Paulo.
A MEDALHA DO DOM
A terceira medalha no judô neste sábado foi de Willian Lima. Após perder a primeira luta, acabou indo para a repescagem. E não decepcionou o filho Dom e muito menos a conselheira número um da vida dele, a esposa Maria Júlia. Na decisão da medalha de bronze, derrotou o peruano Juan Miguel Postigos, por pontos (10-0).
“Eu vim aqui para brigar pelo ouro, mas não deu. Conversei muito com meu técnico, com minha esposa (Maria Júlia) e havia prometido para meu filho (Dom nasceu há 28 dias) que iria levar o ouro precisava levar uma medalha. Fiz uma chamada de vídeo com eles e isso ajudou a voltar para a competição. Por isso pensei, vou levar esse bronze com gosto de ouro”, disse o orgulhoso Willian, pai do também orgulhoso filho Dom.
Das seis medalhas conquistadas pelo Brasil no primeiro dia do judô, três foram de atletas do Pinheiros: Aléxia, Larissa e Willian.
A competição prossegue neste domingo (29), mas os atletas do Pinheiros só entrarão em ação na segunda-feira (30), com Rafael ‘Baby’ Silva e Beatriz ‘Bia’ Souza. Na terça-feira será a vez dos confrontos por equipe e mista.
Dia 1 – Judô, Santiago
Ouro – Aléxia Nascimento 48kg
Ouro – Michel Augusto 60kg
Ouro – Larissa Pimenta 52kg
Ouro – Rafaela Silva 57kg
Bronze – Amanda Lima 48kg
Bronze – Willian Lima 66kg