“INFÂNCIA É … CORRER… TOCAR…
SENTIR… E ALCANÇAR… E VER …
E OUVIR… E APRENDER… “
LUCY DE ARAUJO LIMA DELDUQUE
DIRETORA HONORÁRIA
IN MEMORIAN
Fundadora do Jardim de Infância em 1º de junho de 1945
Segundo ensinamentos de Tia Lucy, nossos objetivos básicos são a educação da emoção e da autoestima; o desenvolvimento de solidariedade, da tolerância, da segurança, da habilidade de trabalhar perdas e frustrações.
Para nossa equipe de educadoras o conhecimento não é algo acabado, mas uma construção que se refaz constantemente. E desta forma vivemos este ano a plenitude dos 75 anos, com uma escola moderna e sensível, neste momento adaptada às novas circunstâncias mundiais, sempre procurando fazer o melhor por suas crianças e famílias.
PARA REFLETIR
Infância não é fase de construir currículo
É cada vez mais comum ver crianças precisando lidar com agendas atribuladas, preenchidas com aulas de idioma, música, esportes… Essa visão “curricular” sobre as atividades nas quais a criança precisa se envolver pode fazer com que ela desenvolva comportamentos de competitividade e individualismo.
Na infância a prioridade deve ser o livre brincar, o que não pode ser repetido em outra fase da vida e que é capaz de estimular uma série de competências humanas que nenhuma sala de aula poderá ensinar. Nós vivemos numa cultura de excesso de valorização da aprendizagem com adultos, como se o desenvolvimento de uma criança só aconteça na sua inteiração com adultos, em aulas, atividades programadas e estruturadas, etc, etc…. Quando na verdade isso só provê a criança de um tipo de ganho, um tipo de inteligência.
Essa “educação bancária” (já dizia Paulo Freire) – em que um domina o conhecimento e o outro está ali para receber – é cada vez mais reconhecida como um modelo que tem muitas limitações e está em total desacordo com um século XXI de tantas e tão rápidas mudanças. As nossas crianças brincam para ser adultas, pela crença dos pais de que elas se tornarão mais prontas para o “mercado”. Esquecem que brincando a criança aprende coisas que ninguém mais pode ensinar-lhe. Uma criança que brinca no parque com amiguinhos vai aprender a negociar, interagir, ter empatia, ouvir o outro, fazer-se ouvir, avaliar riscos, resolver problemas, desenvolver coragem, imaginação…
Uma série de habilidades sócio emocionais que nenhuma aula estruturada poderia oferecer a ela. Habilidades estas muito mais importantes para um adulto bem-sucedido do que uma aula de piano ou matemática. Isso não significa desvalorizar a importância de algumas atividades para as crianças, porém não nos esquecendo que brincando livremente na natureza a criança está aprendendo. E que cada coisa tem seu tempo. Começamos a ter alguns indícios, inclusive comprovados por pesquisas, de que crianças que foram superprotegidas e vítimas de excesso de escolarização, estão se tornando adultos incapazes de lidar com a frustração e com o conflito, e que tendem a fugir das dificuldades.
São efeitos previsíveis, pois uma criança que enfrenta a realidade com o pai ou a mãe se interpondo entra ela e o problema, não vai aprender a resolvê-lo sozinha. Ela tem que cair e ralar o joelho. Porque a vida às vezes dói, mas passa. E no dia seguinte o machucado ganhou uma casquinha; o corpo está reagindo e fazendo alguma coisa. Logo aquela marquinha some e o joelho volta ao normal. Veja tudo que ela aprendeu sobre enfrentar a dor, saber que essa dor passa e que o corpo se regenera.
Que aula vai oferecer essa experiência?
Acreditamos que desta forma as crianças se tornarão adultos mais saudáveis, que poderão fazer melhores escolhas e desenvolver bons hábitos. Por isso, no nosso Jardim de Infância procuramos sempre garantir o espaço do brincar e ajudar crianças e educadores a desenvolverem as habilidades sócio emocionais, pois acreditamos ser isso fundamental para uma vida mais saudável e feliz. Neste momento atípico estamos todos os seres humanos “com os joelhos ralados”. Dói, mas passará. Logo nosso machucado ganhará uma casquinha, pois nosso corpo reagirá. Logo a marca some e o joelho voltará ao normal. E não tenho dúvidas que sairemos fortalecidos para enfrentar novos machucados em nossos joelhos.
Para refletirmos com atenção, carinho e cuidado.
Regina