Boxeador sofreu lesão durante a luta e venceu o combate por nocaute técnico utilizando apenas uma das mãos
O torneio Forja Éder Jofre, que está sendo realizado no Clube Pinheiros e vai até o dia 25 de janeiro, além de boas lutas, tem reservado histórias de superação e entusiasmo. Uma delas é a de Pedro Augusto, conhecido como Piu-piu Monstro, de 19 anos, atleta do Centro Olímpico que, mesmo com o ombro deslocado, conseguiu vencer sua luta e avançar de fase no torneio.
A noite de sexta-feira, 13 de janeiro, reservou a primeira luta de Pedro Augusto Copari Cândido (Centro Olímpico), contra Fábio Silva Soares da Cruz (Coliseu Boxe Center), na categoria até 91kg elite. A preparação para o duelo, assim como os outros, foi tranquila, apenas o frio na barriga da estreia no torneio. “Sempre bate aquela pequena ansiedade antes da luta, mas quando subimos no ringue, a concentração é total e o nervosismo passa”, explicou o lutador do Centro Olímpico.
Durante o primeiro round, no entanto, Piu-Piu Monstro não imaginava que ao dar um golpe, seu ombro direito sairia do lugar. “Quando fui jogar o direto, meu ombro deslocou e saiu do lugar. Percebi, mas não demonstrei dor, porque sabia que o juiz poderia parar a luta. Então, segurei a onda, avisei meu treinador e mantive a disputa com uma mão só”, relatou.
Se as técnicas do boxe exigem atenção com as duas mãos para movimentos tanto de ataque, quanto de defesa, com apenas um dos braços a dificuldade foi ainda maior. “Levantava a mão direita com o braço esquerdo, deixava na guarda e flutuava somente com a mão esquerda”, contou Piu-Piu Monstro.
Para os movimentos de defesa, Piu-Piu Monstro explicou a técnica utilizada. “A mão direita fica justamente na defesa do queixo. Ela caia sozinha, eu levantava com a esquerda, deixava no ar e fazia os golpes com a esquerda mesmo”, relatou.
No intervalo da luta, o treinador Nei Braga colocou o ombro de Piu-Piu Monstro no lugar e o orientou para não fazer golpes com o lado direito. Resultado: Por instinto, o atleta proferiu novas punhaladas e ficou com o ombro novamente fora de posição. E nesta situação, foi até o final da luta.
Durante o segundo assalto, Piu-Piu Monstro focou nos movimentos de ataque, usou a estratégia do regulamento, que determinava que com três contagens encerrava-se a luta, e foi eficiente. “Toda vez que ele (Fábio) vinha para cima, eu jogava o jab e cruzava com a mesma mão e ele girava justamente por vir um pouco mais afobado. Quando ele dava as costas, a impressão que o juiz tinha era que o golpe havia sido duro e abria contagem. Como eu já tinha duas contagens acumulada, faltava apenas mais uma e consegui. Venci a luta com o ombro fora do lugar”, comemorou.
Recuperação
Após a luta, Pedro iniciou o tratamento de recuperação, já que não foi constatada nenhuma fratura, apenas luxação. O lutador deve estar apto para subir ao ringue na próxima segunda-feira, dia 24, pelas semifinais do torneio Forja Éder Jofre de Boxe.
Origem do apelido
O apelido de “Piu-Piu Monstro”, remete a um episódio do desenho animado “Piu-Piu e Frajola”, conforme explica Pedro. “Há um episódio em que o Piu-Piu toma uma fórmula no laboratório e fica até maior que o Frajola, forte, com o cabelo espetado e bagunçado. E é igual ao meu cabelo quando fica bagunçado. Então, as pessoas fizeram essa associação e o apelido acabou pegando, tanto que tem gente que nem me conhecem pelo nome”, contou.
Foto de destaque: Gustavo Porto