Tóquio é referência de novo rumo para o pinheirense Darlan

Quarto colocado no Arremesso do Peso, o catarinense melhorou uma colocação em relação aos Jogos Rio 2016 e prometeu mudar até Paris 2024.

As lágrimas de Darlan Romani emocionaram a torcida brasileira na madrugada desta quinta-feira (05) na entrevista concedida no Estádio Olímpico de Tóquio. Apesar das várias dificuldades enfrentadas em 2020 e 2021, o atleta do Esporte Clube Pinheiros era candidato ao pódio no Arremesso do Peso. Com a marca que estabeleceu como recorde sul-americano (22m61), teria conquistado a medalha de bronze no Japão.

A emoção de Darlan, 30 anos, transmitiu a vontade e a perseverança que ele levou para Tóquio na intenção de retornar ao Brasil com a medalha, mas a prova foi além das possibilidades atuais do arremessador que ficou a 59 centímetros do bronze. Sua melhor marca foi de 21m88, enquanto Thomas Walsh, da Nova Zelândia, foi bronze com 22m47.

O norte-americano Ryan Crouser quebrou o recorde olímpico duas vezes para conquistar o bicampeonato (2016 e 2021) com 23m30, ficando a apenas sete centímetros do recorde mundial que pertence a ele mesmo. O compatriota Joe Kovacs conquistou a prata com 22m65.

Em meio às lágrimas, Darlan mostrou que Tóquio lhe trará o fortalecimento necessário para modificar sua trajetória rumo aos Jogos de Paris. “A história se repete, 2019 (Mundial), 2021 (Olimpíada), mas vamos lá. Os caras são muito bons, estão de parabéns. Eu poderia ter feito melhor e preciso ver com calma o que aconteceu. Teve pandemia, cirurgia, Covid… fica difícil. Não tenho muito o que falar, mas podem acreditar, hoje, sou quarto de novo, mas não quero mais isso na minha vida. Obrigado Sara (esposa), obrigado Alice (filha), obrigado Brasil”, agradeceu o emocionado Darlan.

Interferências pré-olímpicas – Darlan passou por várias complicações para treinar em 2020 e 2021: ele e sua família pagaram Covid e ele perdeu 10kg em 14 dias. Como seu centro de treinamento ficou fechado em 2020, ele precisou improvisar no terreno ao lado de casa, em Concórdia (SC). Sem os equipamentos adequados para treinar, no início de 2021 uma hérnia de disco obrigou o atleta a fazer uma pausa de 45 dias para se reabilitar.

Apesar de campeão dos Jogos Pan-Americanos de Lima (2019) e bicampeão dos Jogos Mundiais Militares (2015 e 2019), medalhas mais relevantes sempre bateram na trave. Foi quinto colocado nos Jogos Rio 2016 e ficou em quarto no Mundial de Doha em 2019. No ano anterior, na etapa de Eugene (EUA) da Liga Diamante, quebrou o recorde sul-americano pela terceira vez com 22m61.

Darlan iniciou no Atletismo na adolescência, incentivado pelo irmão Vinícius, também arremessador, quando morava com a família em Santa Catarina. “As frequentes viagens que ele fazia para competir me deixavam empolgado. Eu também queria viajar sozinho”.

Quando os resultados começaram a surgir, o atleta de 1m88 e 140kg se transferiu para Uberlândia (MG), depois para a equipe da Bovespa, em São Caetano (SP) e em seguida para o Pinheiros. A Olimpíada de Tóquio é a primeira de Darlan como pinheirense.

A superação é constante na carreira de Darlan. “Nos Jogos Rio 2016, levei o Brasil a uma final olímpica do Arremesso do Peso depois de 80 anos, mas a maior emoção que senti foi na conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2019. Cheguei doente a Lima sem saber o que eu poderia fazer no dia da prova. Arremessei 22m07 e venci”.

 

Foto: Wagner Carmo / CBAt